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À CONVERSA COM... NUNO SILVA (COURO E TOURO) |
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À CONVERSA COM... NUNO SILVA (COURO E TOURO) |
20 de Maio de 2021 |
Uma arte da qual pouco se fala - correeiro |
O jovem Nuno Silva com apenas 24 anos tem como hobby a correaria. Fomos saber um pouco mais sobre esta arte e estivemos à conversa com....
NS - Nome: Nuno Silva
NS - Idade: 24 anos
NS - Natural de: São Mateus da Calheta
NS – Nacionalidade Portuguesa
FT - o que o fez ingressar no mundo tauromáquico?
NS - O meu pai. Aficionado e toda a vida lidou com gado bravo, foi pastor da ganadaria Rego Botelho, ajudava e continua ajudar outras ganadarias no maneio do gado. Desde muito novo comecei a ir com ele e fui criando o mesmo gosto dele
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FT - Herdou esta arte de alguma geração ou nasceu de um gosto?
NS - Nasceu do gosto do mundo tauromáquico e do gosto de fazer trabalhos manuais. Começou também da necessidade de restaurar os arreios usados no maneio do gado da ganadaria Rego Botelho, na Caldeira Guilherme Moniz.
FT - Quanto tempo leva uma embola a ser produzida?
NS - Esta questão é um pouco subjetiva, depende do tamanho e das quantidades. Como todos sabemos se for para fazer vários pares numa produção em “linha” o tempo por par acaba por ser mais reduzido. Mas se tivesse que dar um número, diria sensivelmente quatro horas, desde talhar o couro, furação manual e costura, produção dos copos e toda a confeção da embola.
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FT – Com que tipo de linha se cose uma embola?
NS - No meu caso, como coso à mão uso nylon encerado.
FT - Cada embola leva um copo de aço no seu interior, qual a sua função e porquê?
NS - O copo no interior ajuda na protecção aos intervenientes do espectáculo, fazendo com que as hastes finas não perfurem o couro.
FT - Existem vários tipos de embolas? Se sim quais são?
NS - Não existem vários tipos, pelo menos que conheça, mas sim diversas dimensões consoante a sua finalidade - Vacas, novilhos e touros - dentro das mesmas vários tamanhos.
FT - Que tipo de corda/cordão usa nos seus pares de embolas?
NS - Por tradição usa-se o dito cordel contudo vai pelo gosto de cada embolador.
FT - Certo que já teve alguns incidentes durante o seu trabalho, algum que nos queira contar?
NS - Nada muito fora do normal, feridas nas mãos causadas pelas linhas ou alguma ferramenta, entaladelas nos dedos...
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FT - Descreva como é um dia de corrida para si, tem superstições, quantas horas são necessárias?
NS - Um dia de corrida começa bem cedo com o descarregar dos animais nos curros da praça. Inicialmente tinha algum receio e nervossismo, atualmente estou tranquilo e como todos na expetitiva que o espetáculo corra pelo melhor. É um grande orgulho ver as minhas embolas saírem à praça. Na questão do tempo dependendo da hora da corrida podem ser mais ou menos horas mas normalmente começa pelas 8h00 até ao fecho das portas dos curros, depois de todo o trabalho necessário no final da corrida
FT - Tem gosto na sua profissão? Explique-nos o que sente a trabalhar nesta arte?
NS - De momento esta arte é apenas um part-time, principalmente no meio insular é muito difícil viver apenas deste gosto, embora já tenha feito embolas para diversas ilhas e até para os Estados Unidos da América. O que sinto?! Nem sei bem se posso definir numa palavra - alegria, orgulho, felicidade.
FT – Que tipo de couro usa para fazer os seus trabalhos e qual a sua proveniência?
NS - Pele natural de bovino, proveniente do continente português.
FT – Além das embolas o Nuno faz também outros artigos? Que faz mais precisamente?
NS - Para além das embolas, faço um pouco de todos os tipos de arreios para cavalos (seja de sela ou de engate), coleiras para chocalhos (bovinos e caprinos), coleiras para cães e cintos. Mas gosto sempre de um bom desafio portanto tento sempre fazer qualquer tipo de peça em couro.
FT - Concorda com o novo método aplicado pelo regulamento taurino, o chamado “tesoura”?
NS - Sim, concordo, porque as condições de trabalho são melhores e com maior segurança para os emboladores.
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FT – Quanto tempo demora a fazer uma “cabeçada” e quais os tipos de “cabeçada existentes?
NS - Mais uma vez o tempo é relativo dependendo do tipo de cabeçada, pois existem inúmeros tipos de cabeçadas e todas elas tem as suas particularidades. Para além disso é sempre possível adornar mais ou menos os arreios.
FT - Existe algum tipo de “vistoria” às embolas antes da corrida? Por quem?
NS - Sim pelo embolador, neste caso pelo sr. Francisco Parreira embolador habitual da Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira.
FT – Para além deste trabalho, que faz o Nuno no dia a dia?
NS - Faço inseminação artificial em bovinos e caprinos.
FT – Esse trabalho está relacionado com alguma ganadaria em especial na Ilha?
NS - Não, faço trabalhos para qualquer ganadaria da ilha Terceira ou para qualquer pessoa que venha solicitar os meus serviços. Sou coreeiro para quem precisar.
FT – Quantas horas dedica por dia a este trabalho? É rentável ou faz por diversão?
NS - Mais uma vez contabilizar o tempo certo é difícil sendo um hobby, varia consoante os trabalhos que vão aparecendo. É rentável ao ponto de não largar este gosto mas como disse anteriormente não o suficiente para viver apenas e só deste trabalho. Mas sempre que tenho tempo fora do meu trabalho vou para a correaria.
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FT - Antitaurinos, tem alguma palavra, conselho para lhes dar?
NS - Respeito!
FT - A tauromaquia tem futuro? Gostaria de dar alguma palavra aos nossos promotores, ministros, governo, aficionados?
NS - Sim claro que sim, a cultura e arte tauromáquica não perderá os seus valores nem o seu lugar numa sociedade cada vez mais urbana e com novos ideais. O grande desafio para a tauromaquia é e será enfatizar a importância da democracia em que tem de haver acima de tudo RESPEITO pela cultura.
FT – Imagine uma manifestação anti-taurina á porta da Monumental aqui na Ilha? Que acha que iria acontecer?
NS - Quero acreditar que com a população local não será um acontecimento provável contudo se acontecer, na minha opinião, não deviam ter o direito de fazer a manifestação à porta mas sim com uma distância considerável como acontece por exemplo em França. Tal como pedimos respeito, tem o direito de se manisfestar e irei respeitar a opinião deles. Mas não tolero que me proíbam de educar e transmitir aos meus filhos os valores e a arte tauromáquica tal e qual como o meu pai me transmitiu. Não há maior defensor do touro e do bem estar animal do que o verdadeiro aficionado.
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FT - NUMA PALAVRA:
Um cavaleiro(a)?
António Ribeiro Telles
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Uma ganadaria?
Murteira Grave
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Um forcado?
Manuel Pires
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Um toureiro?
José Tomás
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Um bandarilheiro?
Joaquim Oliveira
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Uma praça?
Real Maestranza
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Um cavalo?
Nazari
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Um colega?
Francisco Parreira
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A sua melhor lide?
Tiago Pamplona nas Sanjoaninas, frente a um exemplar de João Gaspar, em 2016 (salvo erro)
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Um jogador?
Não ligo a desporto
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Um filme?
Snipper Americano
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Um destino de férias?
Sevilha
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Um país?
Portugal
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Uma cidade?
Angra do Heroísmo
(Nada como a nossa cidade)
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Paia ou campo?
Campo
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Comida favorita?
Galinha Frita do Diniz
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Um clube?
Qualquer um taurino
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Um sonho?
Embolar um curro na Praça do Campo Pequeno
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FT – Uma palavra/sugestão para o Forcadilhas e Toiros.
Agradecimento e louvor pelo trabalho na promoção e divulgação da tauromaquia em geral e particularmente na nossa terra dos bravos. Enaltecer o respeito e a divulgação do trabalho dos intervenientes da festa menos conhecidos e falados, mas igualmente importantes para a mesma.
Um abraço ao amigo Armando.
Texto e Fotos: Célia Doroana / Daniela TelesPereira / Armando Alves / António Valinho
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