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QUINTA FEIRA NO CAMPO PEQUENO
QUINTA FEIRA NO CAMPO PEQUENO
31 de Julho de 2018

ELAS a cavalo e ELES a pé
Sónia Matias: “Tourear no Campo Pequeno é como regressar a casa”
 
O toureio a cavalo no feminino é um dos grandes aliciantes da corrida de toiros de 2 de Agosto no Campo Pequeno, interpretado pelas cavaleiras Sónia Matias e Ana Batista, as duas profissionais mais antigas nesta difícil e desafiante forma de expressão artística.

Sónia Matias foi a primeira mulher em Portugal a ascender ao profissionalismo, através da Alternativa que lhe concedeu João Moura, a 18 de Junho de 2000, na “Monumental Celestino Graça”, em Santarém.

Em dezoito anos de actividade, Sónia Matias soube conquistar o respeito e a admiração do público e dos seus companheiros de profissão.

Analisando a sua temporada de 2018, considera-a “bastante positiva, fruto de um trabalho constante, que tem permitido ter os cavalos em forma apurada”. Por outro lado, espera que a temporada prossiga com tardes e noites triunfais.

Sobre a sua vinda ao Campo Pequeno, a 2 de Agosto considera-a como um regresso a casa. “Tourear no Campo Pequeno é como sentir-me em casa. Além de ser muito justamente a Catedral Mundial do Toureio a Cavalo, é a praça de toiros da minha terra pois eu sou de Lisboa. Claro que é sempre uma honra e, paralelamente, uma enorme responsabilidade tourear no Campo Pequeno. Vou lá para triunfar e tenho a certeza que a Ana Batista virá com idêntica disposição. O público irá desfrutar de ver o toureio a cavalo, interpretado pela graciosidade que duas mulheres podem dar a esta forma de expressão artística”, conta-nos Sónia Matias.

Quanto às suas expectativas relativamente à ganadaria São Torcato, Sónia Matias está convicta de que os toiros irão investir e transmitir “pois, só com um toiro que transmita o público pode desfrutar daquilo que fazemos na arena. Pelas características do encaste e pela filosofia do ganadero, Joaquim Alves de Andrade que há dias triunfou com os São Torcato em Ceret (França) e com o outro do seus Ferros (Pinto Barreiros) no Campo Pequeno, julgo que iremos ter toiros ao gosto dos artistas e dos aficionados”, diz-nos a cavaleira.

Além das cavaleiras Sónia Matias e Ana Batista, estarão em praça os matadores de toiros portugueses Nuno Casquinha e António João Ferreira, bem como o Grupo de Forcados Amadores das Caldas da Rainha, capitaneados por Francisco Mascarenhas, sendo lidados sete toiros (três para cavalo e quatro para pé) da divisa São Torcato.

António João Ferreira: “Vou ao Campo Pequeno para triunfar”

Poucos dias passam sobre a data em que, há dez anos, António João Ferreira recebeu a alternativa de Matador de Toiros. Foi a 22 de Julho de 2008 que o diestro português recebeu o “doutoramento” tendo por padrinho o espanhol José Pedro Prados “El Fundi” e por testemunha o francês Julien Lescarret. Balanço: corte de uma orelha ao toiro da cerimónia, pertencente à ganadaria espanhola de “La Quinta”.

Toureiro de fino recorte, António João Ferreira actua na próxima quinta-feira, no Campo Pequeno, na lide de toiros da ganadaria São Torcato, pertencentes à mesma “piara” dos que triunfaram, recentemente, na praça francesa de Céret.

Treinando diariamente e sempre com o objectivo e a esperança de que, mais dia menos dia, o seu trabalho, arte e valor serão reconhecidos, António João Ferreira fez uma pausa entre a lide de duas bezerras na ganadaria Rosa Rodrigues, para exprimir os seus anseios relativamente a este seu regresso ao Campo Pequeno, que para ele tem duas vertentes: Felicidade e Responsabilidade.

”É sempre uma grande responsabilidade para um toureiro actuar no Campo Pequeno, a primeira praça do país e, hoje em dia com uma enorme projecção internacional. Aqui vêm as maiores figuras mundiais do toureio, um triunfo aqui é muito importante e eu venho a esta corrida para triunfar. Acredito no meu valor. O público e os aficionados podem contar comigo.”

Sobre os “São Torcato” apartados para 2 de Agosto, António João Ferreira refere tê-los já visto no campo e sublinha as “buenas hechuras” que eles apresentam, para concluir que têm todo o tipo de investir e relembra não só o triunfo que a ganadaria obteve em Céret mas também o da ganadaria Pinto Barreiros, no dia 19 de Julho no Campo Pequeno, ambas propriedade do ganadero Joaquim Alves de Andrade.

A corrida de 2 de Agosto será mista, figurando no cartel as cavaleiras Sónia Matias e Ana Batista, os matadores de toiros António João Ferreira e Nuno Casquinha e o Grupo de Forcados Amadores das Caldas da Rainha, capitaneado por Francisco Mascarenhas. Serão lidados três toiros para cavalo e quatro para pé, da ganadaria São Torcato.

Nuno Casquinha: "Ilusão imensa de regressar ao Campo Pequeno"

O Matador de Toiros português Nuno Casquinha apresenta-se esta quinta-feira, no Campo Pequeno, depois do importante triunfo de Vila Franca, na corrida do Colete Encarnado e também após uma série de triunfos entretanto alcançados no Peru, país que tem sido para ele como que uma "segunda pátria" e onde leva esta temporada 15 corridas toureadas, a esmagadora maioria delas com assinaláveis êxitos.

Na última quinzena, actuou a 16 de Julho em Lachaqui, onde indultou um toiro, recebendo como troféus as orelhas e o rabo simbólicos e saindo a ombros. Na passada quinta-feira, em Santiago de Chuco, nova saída em ombros, com o corte de duas orelhas e, este domingo actuou em Torokuma (Lima), onde, depois de uma grande faena, que malogrou com a espada, foi fortemente ovacionado.

Através de três questões, casquinha falou do seu momento actua, perspectivas e o significado da sua vinda ao Campo Pequeno.

1 – Que importância tem tido o Peru na sua carreira?

O Peru tem sido um país importantíssimo na minha carreira. Fui para lá quando aqui em Portugal tinha poucas oportunidades e posso dizer que foi uma decisão totalmente acertada. Os primeiros tempos não foram fáceis, mas pouco a pouco consegui conquistar o meu lugar, até terminar por dois anos (2013 e 2017) em primeiro lugar do "escalafon". Em relação à praça de Acho e da feira del Señor de los Milagros, alguns aficionados manifestaram nas redes sociais que eu deveria estar nos cartéis, não é fácil porque os cartéis são sempre feitos na base das figuras espanholas, mas acredito que num futuro próximo possa debutar nessa praça.

2 – Que repercussões teve na sua carreira o êxito do Colete Encarnado?

O êxito na corrida do Colete Encarnado foi fundamental para confirmar o que já tinha mostrado na feira de Outubro do ano passado. Desta vez, as lides alcançaram outra importância pela casta e exigência dos toiros da ganadaria Palha. Creio que houve uma entrega e uma disposição muito sinceras da minha parte e isso o público captou desde o início. Fiquei feliz por este triunfo, ainda para mais sendo na minha terra, mas há muito para corrigir e o que me preocupa é continuar a evoluir como pessoa e como toureiro. Por outro lado, notei uma repercussão fantástica tanto na imprensa como nos aficionados em geral e até em contratos, porque graças a este triunfo, já fui contratado para tourear na importante feira da Moita, bem como na corrida do 117º aniversário da Praça "Palha Banco" (Vila Franca de Xira) a 30 de Setembro.

3 – E o Campo Pequeno?

Tenho uma ilusão imensa em regressar ao Campo Pequeno. Uma praça importantíssima e com a qual me sinto em dívida, porque nunca tive um triunfo forte, espero que seja desta vez e assim continuar a dar razões aos aficionados para acreditarem em mim. Todos os dias treino a pensar em fazer essa faena especial dia 2 de Agosto em Lisboa, não me sai da cabeça essa corrida!

O cartel completo desta corrida é formado pelas cavaleiras Sónia Matias e Ana Batista, pelos matadores de toiros António João Ferreira e Nuno Casquinha, pelos Forcados Amadores das Caldas da Rainha, capitaneados por Francisco Mascarenhas, sendo lidados sete toiros de São Torcato, três para cavalo e quatro para pé.