Ontem, ocorreu um dia de cariz mais temático e de lazer. Contudo o principal objetivo era o de acordar este Portugal, tão envenenado, para a realidade. Realidade essa em que o mundo rural está mais do que vivo e bem de saúde! Realidade essa em que os portugueses são livres de escolher os seus gostos e não se deixam converter ao que certas facções chamam de “civilização”. Realidade essa em que a Tauromaquia atrai miúdos e graúdos e que encontram neste meio um mundo de respeito e integridade com todo um nicho ecológico e uma enorme biodiversidade a si associado.

Todos os que estivemos presentes, fomos com um propósito (além do desejo de voltar à temporada e abandonar este triste e cinzento defeso): após todas as politiquices e incertezas relativamente ao futuro tauromáquico e apesar das “ridicularidades” com que somos “brindados” diariamente por estes que se entitulam de antis... Aficionados de todos os pontos do país (para além dos estrangeiros) deram mãos e disseram “BASTA! Somos aficionados, amamos a festa brava e estamos cá para a defender! Para NOS DEFENDER!”

E isso confirmou-se na enchente de público quer nas diversas actividades ao longo do dia quer no festival tauromáquico em si!

Agora sobre o festival...

Abriu praça o veterano e maestro António Ribeiro Telles, que decidiu brindar ao público, agradecendo e saudando todos os presentes que tal como António, são aficionados e amantes desta cultura tão nossa.

Frente a um hastado da casa, António teve raça e cumpriu a sua ferragem com o típico classicismo que tanto o caracteriza. Sempre muito correto e com um oponente sério, António revela que com o passar dos anos apenas apura capacidades e enaltece a tauromaquia clássica.

1 pega Santarém - Salvador Ribeiro de Almeida

Brindou à protoiro.

Primeira tentativa com o toiro a vir de largo e apesar de o forcado se fechar, acabou por não conseguir consolidar a mesma.

À segunda tentativa, aguentou a viagem, o grupo esteve coeso e fecharam a sua primeira prestação 

Ana Batista - 

Quando falamos de Ana Batista, falamos de uma senhora no que ao saber montar a cavalo concerne. Elegante, clássica, fina...

E assim esteve nesta tarde, que apesar de falhar um ferro, não se desmoralizou Frente a um exemplar que não tinha tanta apresentação quanto o anterior, mas que também não se deixava ficar, Ana andou correta e mostrou ganas para a nova temporada que se avizinha.

Lisboa- António Galamba 

Brinde à direção 

Após três tentativas com o forcado a não conseguir fixar-se na córnea, a mesma ficou consumada ao quarto intento com os segundas ajudas a fecharem o cara.

Nuno Casquinha - Calejo Pires

Nuno deixou a praça do campo pequeno rendida ao seu toureio! Alegre, dinâmico e a provar que Portugal não é sinónimo apenas de bom toureio a cavalo! Bem nas bandarilhas e na muleta encantou todos aqueles que assistiam.

João Silva “Juanito” - Calejo Pires 

Rececionou o Calejo Pires de joelhos em frente à porta dos sustos.

Fraco momento de bandarilhas, por parte dos seus bandarilheiros, mas na muleta esteve interessante e sério frente ao que lhe calhou em sorte. Terminou de forma agradável.

Francisco Palha 

Abriu com um bom ferro comprido.

Mais um ano em que Francisco Palha surge com uma boa quadra de cavalos com muito potencial. Toureiro com raça e a querer triunfar, Francisco é um cavaleiro de riscos e do lema do “quem não arrisca não petisca”. 

Falhou um ferro, mas compensou no seguinte sentindo o público consigo e querendo mais. 

Grupo de Santarém - António Queiroz e Melo

O grupo scalabitano concluiu a sua prestação no festival com outra pega à primeira tentativa recebendo um negro a arrancar e o forcado de cara a fechar-se sendo logo amparado pelo grupo.

Luís Rouxinol jr - David Ribeiro Telles

Brindou a todos os aficionados encorajando à defesa da tauromaquia, um brinde sentido e que se fez sentir em todos os que estavam presentes.

Lide iniciada com um ferro empolgante seguido da estreia da sua nova montada “Jamaica”. Talvez não a estreia tão desejada, mas que com o tempo tudo terá para funcionar. Falhou a cravagem de um ferro que em nada atrapalhou o seu desempenho Trata-se de um ginete que atrai o público onde quer que toureie e que não gosta de perder nem a feijões. Deixa expectativas para este 2020...

Grupo de Forcados Amadores de Lisboa - Tiago Silva 

Pega à primeira pelo jovem forcado sem grandes dificuldades e com o grupo a fechar logo a formação.

No final a organização solicitou que todos os presentes permanecessem na praça pois tinham preparado um último “retoque”.... cavaleiros, forcados, ganaderos no activo e retirados dirigiram-se à arena por convite da organização e todos em conjunto deram volta à mesma portando uma tarja em que se lia em maiúsculas : ESTA É A NOSSA CASA!

O que é um factos meus caros, o Campo Pequeno é sem dúvida alguma a nossa casa! E, como não podia deixar de ser, defendemos com unhas e dentes o que é nosso! Que ninguém nos diga o que podemos ou não apoiar! 

Que ninguém nos diga “vocês aficionados são uns ignorantes”!

Que ninguém nos diga que a Tauromaquia não é cultura e que será extinta!

SOMOS GRANDES, SOMOS ENORMES, SOMOS AFICIONADOS..... SOMOS VERDADEIROS PORTUGUESES!

Um bem-haja a todos os que estiveram presentes e fizeram questão de marcar uma posição!

Viva a Festa Brava, Viva PORTUGAL!

Crónica: MARTA PENEDO (ENGª TÉCNICA)

Fotos: ARMANDO ALVES