Toiros em tempos de cólera
Vivemos em tempos de incerteza, de perigo e de medo e são nestes tempos que devemos redefinir-nos como pessoas, cidadãos e dentro deste contexto, como aficionados. Esta quarentena foi uma boa oportunidade de nos reeducarmos e pensarmos a maneira como antes vivíamos a festa e como vamos vivê-la daqui para a frente, do que realmente significa ser aficionado para cada um de nós. Fomos atacados não só por este vírus que teima em não ir embora, como também por aqueles que nos deviam defender acima de tudo: os nossos governantes. Sofremos diariamente com o preconceito daqueles que nunca se sentaram numa bancada para ver uma corrida nem sequer viram um touro bravo em liberdade, mas que são egoístas o suficiente para querer mandar nos nossos gostos e direitos. Dito isto, sou crente na ideia de que como aficionados, devemos seguir o exemplo daquele que é o maior representante da nossa festa e sermos bravos porém nobres, lutar sem nunca fugir ao castigo e sobretudo nunca nos refugiarmos em tábuas. Que melhor manifestação teremos do que irmos aos toiros?
Irá realizar-se no sábado, dia 11 de Julho a primeira corrida de touros neste cenário dantesco que é o do Coronavírus. Olhemos para esta corrida na cidade de Estremoz não como ''mais uma'' mas como uma oportunidade de mostrar que apesar de todos os obstáculos que as várias entidades nos impõem, nada nos vai impedir de glorificar aquele que é o nosso direito de pagar e comparecer num espetáculo regulamentado e em que todos vão cumprir as regras, que muitos noutros espetáculos mais recentes não cumpriram, mas tal como o touro bravo não é um animal qualquer, nós aficionados também não somos como os outros. Na minha humilde opinião, aqui não há preferências por este ou aquele cavaleiro, pelos forcados ou pelas ganadarias, há sim um desejo unânime de que a nossa festa continue e que nos façamos ouvir.
Sempre ouvi dizer que é nas piores alturas que se definem as melhores pessoas, pois esta é a altura perfeita de nos definirmos como verdadeiros aficionados.
MARIANA MALTA DE CARVALHO
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