Sobre uma democracia ilusória
Hoje é um dia negro para a democracia, para a cultura no geral e para a tauromaquia em particular. Caminhamos a passos mais largos do que o desejável, para uma sociedade que cada vez me deixa com menos curiosidade em conhecer. Não consigo sequer conceber a ideia de viver num país onde é concedida uma liberdade de escolha ilusória. Digo ilusória, porque em Portugal está instaurado, um regime democrata, onde por definição a ditadura não tem respaldo moral, o que na prática não se verifica.
Vivem-se tempos dificilmente tristes, tempos em que nos vemos obrigados a viver de acordo com aquilo que agrada a uma minoria que (não) nos representa, mas que se julga detentora da sensibilidade e dos bons valores dos nossos dias, e que por isso, acredita ter o direito de no-los impor.
E aqui, o que se torna difícil de aceitar, é que seja retirada a liberdade de escolha, aquela que em última instância nos convencem que sempre temos. A liberdade das crianças intervirem ou assistirem àquilo que lhes interessa, assim como a liberdade dos pais para as educarem com base nos valores em que acreditam...
Será de facto, fácil proibir num país, onde não é dada a possibilidade conhecer e de escolher, se o é fácil não é ético. E isto é simplesmente desejar banir a tauromaquia por decreto.
É lamentável que assistamos a uma perda de escolas enormes de valores, muito mais que grupos de forcados ou escolas de toureio, lugares onde sobra tanto daquilo que tanto falta hoje em dia.
É por isso que é indiscritível esta sensação de ver a nossa tão apreciada liberdade, ser moeda de troco de um qualquer interesse político.
Que de uma vez por todas se pare de querer considerar qualquer opinião como critério de verdade, que cada vez mais possamos caminhar para uma sociedade inclusiva e livre, onde a escolha e as consequências da própria sensibilidade só cabem a cada um. Que se levem as crianças às lezírias, e se lhe incutam ideias verdadeiras sobre ecologia, porque é lá que o toiro é imprescindível para manter o ecossistema. Que não lhes seja tirada a possibilidade de assistir à beleza de uma corrida de toiros, aos momentos de partilha entre gerações. À harmonia entre toiro e cavalo onde a diferença se completa, e onde o caos de uma investida de um animal bravo resulta em algo tão especial. À garra inesgotável da gente das jaquetas das ramagens, onde o companheirismo, a solidariedade e a coragem imperam acima de qualquer outra coisa. Ou até ao espírito que se vive dentro de uma praça de toiros, aquele que jamais conseguirei traduzir em palavras, porque a verdade é que lá, já os tenho observado a vibrar e a serem felizes!
Não me permito a viver num país onde nasci livre e verei os meus filhos viverem condenados a uma qualquer ditadura de gosto!
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