E agora?
A primeira temporada Covid acabou há umas semanas, contando com a descrença de uns e a esperança de outros. Qualquer conclusão traz consigo reflexão e o fim desta temporada não podia ser diferente, principalmente perante o cenário em que nos encontramos. Foram realizadas 45 corridas no ano de 2020 contra as 186 de 2019, um confronto brutal e assustador, em todos os sentidos, pois ninguém sequer sabia qual era o futuro da Festa em Portugal em março e alguns declaram-lhe a morte e quiseram mesmo assistir ao arraste... Mas como todos os touros bravos, estamos aqui para ficar. A maioria das 45 corridas efetuadas obteve os 50% de lotação, para o desagrado dos nossos governantes que desde o início mostraram uma falta de coerência brutal em relação à realização de espetáculos tauromáquicos.
Esta já está... E as próximas? Será que está a chegar a hora de nos juntarmos verdadeiramente e fincarmos o pé sobre os nossos direitos e sobre a garantia de que, no mínimo, irão realizar-se corridas de touros em Portugal, dentro das condições permitidas, como aconteceu a partir de julho deste ano? Qual a possibilidade de um festival de Inverno? Temos várias praças cobertas com perfeitas condições para organizar vários eventos tauromáquicos. Aqui ficam algumas questões que aos responsáveis compete aferir, a eles e a nós aficionados, que como cidadãos não nos podemos deixar dormir perante tão grave situação e falta de apoio.
Dito isto e como nem tudo é mau, nesta temporada atípica há que realçar a coragem da aficion e de todas as pessoas que, correndo riscos pessoais, se apresentaram nas praças de touros a exercer o seu direito à cultura e à liberdade de expressão. Parabéns aos cavaleiros, toureiros, novilheiros, forcados, bandarilheiros que, perante meses sem corridas, se apresentaram na arena carregados de dificuldades mas nunca de desculpas. Um bem-haja aos ganaderos, que sem quaisquer apoios, continuaram a criar touros, alguns deles tendo a angústia de ver os seus animais a partir para o matadouro sem cumprirem o seu destino (mas disto os animalistas não se lembram). Aos campinos e moirais, esses por quem nutro tanta admiração, que continuaram a trabalhar incessantemente, pois a vida parou na cidade, mas no campo não há botão de pausa. Aos empresários que perante tanta incerteza avançaram com as corridas, sem saber se iam ter público ou autorização para a sua realização sequer. Aos diretores de corrida, emboladores, fotógrafos, pessoal de serviço das praças, bandas filarmónicas, veterinários, trompetistas, bombeiros e médicos. Aos autarcas que depositaram todo o seu apoio para que o povo das suas respetivas autarquias pudesse disfrutar de corridas de touros. À Prótoiro que nunca baixa os braços perante qualquer desafio feito a si e à nossa festa.
A todos eles e a nós aficionados, que este ano seja o exemplo dos princípios que teremos de ter para pegar o difícil 2021 que nos espera...
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