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À CONVERSA COM.... O CAVALEIRO AÇORIANO TIAGO PAMPLONA
À CONVERSA COM.... O CAVALEIRO AÇORIANO TIAGO PAMPLONA
27 de Maio de 2021

Uma presença habitual nas actividades taurinas da Ilha Terceira

A poucos dias de mais um desafio, o jovem cavaleiro Tiago Pamplona conta-nos um pouco sobre si e o seu percurso.

Aqui fica o à conversa com.... o cavaleiro Tiago Pamplona.

Nome: Tiago Sousa Pamplona Reis

Idade: 35 anos

Natural de Posto Santo – Angra do Heroísmo

Nacionalidade: Portuguesa

FT - Cavaleiro praticante ou profissional?

Cavaleiro Profissional.

FT – Como nasceu o gosto pela arte de tourear? O facto de seu pai ter sido cavaleiro influenciou-o?

TP - O gosto pela arte de tourear vem desde criança, pois a minha família sempre foi ligada aos touros e aos cavalos. O fato de o meu pai ter sido cavaleiro, de o ver montar e treinar em casa, fez com que o “bichinho” se despertasse e assim quisesse seguir o mesmo caminho que ele, na arte de tourear.

FT – Qual a reação dos seus pais quando decidiu ser cavaleiro?

TP - Foi uma reação boa. Sempre me apoiaram em todas as minhas escolhas e decisões, alertando sempre, com a sua experiência, para as diversas dificuldades e sacrifícios que poderiam decorrer dessa profissão.

FT- Ainda se recorda do que lhe passou pela cabeça quando vestiu a casaca pela primeira vez?

TP - Sempre sonhei vestir uma casaca. Esse dia ao chegar, senti responsabilidade e vontade em mostrar todo o trabalho aprendido até então.

FT – Existe algum episódio ocorrido nesse dia que não esqueça?

TP - Não houve nenhum episódio especial. O dia em si foi todo especial, desde a preparação dos cavalos para a praça, a cerimónia da alternativa, a lide do touro, estar com a minha família e amigos, tudo isso foi especial.

FT – Quem o apadrinhou na sua alternativa e onde ocorreu?

TP - O meu padrinho de alternativa foi o Joaquim Bastinhas e ocorreu na Praça de Touros da Ilha Terceira.

FT – O cartel foi composto por quem?

TP - O Cartel foi composto por Joaquim Bastinhas e João Salgueiro.

FT – Tem alguma superstição para a entrada em Praça?

TP - Sim. Calçar a bota em primeiro lugar no pé direito e o tricórnio nunca pode estar em cima da cama.

FT – Quem está por detrás do trabalho do cavaleiro Tiago Pamplona?

TP - Por detrás de todo o meu trabalho como cavaleiro está, primeiramente, o meu pai e o meu irmão, pois são os meus braços direitos, ajudam-me no dia a dia, a preparar os cavalos. A minha mãe que é responsável por toda a logística da roupa, para que esteja tudo preparado para o dia da corrida. A minha mulher, que me apoia incondicionalmente, sempre com a palavra certa na hora certa. A minha tia, os meus tios e as minhas primas, bem como a restante equipa que me apoia diariamente, quer no dia da corrida, bem como nos dias de treinos.

FT – A sua carreira é gerida por si ou possui alguém que trate da parte “burocrática” a ela associada, nomeadamente das contratações?

TP - A minha carreira é gerida pelo Sr. António Ponte, que é o meu Apoderado.

FT – Na sua opinião, qual o principal motivo de não vermos com mais frequência os cavaleiros Açorianos nas Praças continentais?

TP - O principal motivo são os custos, pois requer uma logística diferente e dispendiosa.

FT – Para além da carreira tauromáquica, o que faz no seu dia-a-dia?

TP - Das 8h às 17h trabalho na minha entidade patronal e depois de sair do trabalho vou para o picadeiro, montar os cavalos.

FT – Como ocupa o seu tempo livre, o que gosta de fazer para além de tourear?

TP - Gosto de estar com os meus amigos, sempre que possa.

FT – O Tiago fez parte dos cartéis das corridas inseridas nas Sanjoaninas 2019. Que significado têm estas corridas que são umas das mais importantes na ilha e que balanço faz da sua prestação?

TP - Estar inserido nos carteis das sanjoaninas é sempre uma responsabilidade enorme, pois é a feira mais importante dos Açores. Relativamente ao balanço da minha prestação foi positivo, tive duas lides boas.

FT – Tem maior significado tourear em casa (na vossa Ilha) ou fora de portas, seja em outras ilhas, Continente ou noutro país?

TP - Tourear na Praça de touros da Ilha Terceira é muito importante para mim, pois é uma praça que me trás boas recordações, das quais tive momentos muito importantes, desde a minha estreia, como cavaleiro amador, depois prova de praticante e por fim a minha alternativa. Mas, como é obvio, tourear noutras praças também é importante e especial, pois a vontade de triunfar é sempre a mesma, quer em casa ou fora.

 

FT – Que ilações tira dessas corridas? São importantes apenas para a divulgação do vosso toureio ou também é uma mais-valia para a ilha Terceira?

TP - É sempre importante tourear fora da nossa terra, pois tourear fora dá-nos outra bagagem e oportunidade de convivência com outros colegas. Mas claro que também é uma mais valia levar o nome da nossa ilha, dando a conhecê-la a quem ainda não a conhece.

FT – Como é partilhar cartel com o seu irmão João? Do seu ponto de vista que diferenças existem entre o vosso toureio?

TP - É muito bom partilhar o cartel com o meu irmão, mas é mais complicado a nível emocional, pois o nervosismo é a duplicar, pelo fato de querer que corra tudo bem aos dois.

FT – Quais as maiores diferenças ou dificuldades encontram entre ser cavaleiro tauromáquico nas Ilhas Açorianas e ser cavaleiro em Portugal Continental?

TP - As dificuldades sentidas de um cavaleiro tauromáquico nas Ilhas Açorianas, é maioritariamente a insularidade e o número reduzido de corridas realizadas, que dificulta uma maior rodagem dos cavalos e de nós próprios.

FT – Qual a sua visão sobre a tauromaquia em Portugal?

TP - A minha visão sobre a tauromaquia em Portugal é positiva, porque há jovens que já são figuras do toureio e novos valores aparecer, com grande valor, portanto está assegurada e tem futuro.

FT – Descreva-nos um pouco do seu percurso, de modo a darmos a conhecer o cavaleiro Tiago Pamplona.

TP - Sou o Tiago Sousa Pamplona Reis, nasci no dia 27 de julho de 1985, em angra do heroísmo. Comecei a montar com 5 anos de idade, com o meu pai e o meu avô Raul. Toureei pela primeira vez com 9 anos, na tourada de estudantes na Ilha Terceira. Tirei a minha prova de praticante no dia 27 de julho de 2001, na Praça de Touros da Ilha Terceira e tirei a minha alternativa no dia 17 de junho de 2006, também na Praça de Touros da Ilha Terceira, na Feira de São João das Sanjoaninas.

O meu percurso até hoje tem sido de aprendizagem constante, pois julgo que estamos sempre a desenvolver a atividade da melhor forma possível e sinto me orgulhoso do meu percurso até então.

FT – Sendo a Ilha Terceira, uma Terra de muita afición, o público expressa-se fortemente nas corridas que se realizam?

TP - O povo Terceirense é um povo com muita afición, quer seja pela tauromaquia popular bem como pela corrida de touro, expressando-se fortemente nas corridas que se realizam.

FT – O que sente quando entra em praça?

TP - O sentimento quando entro em praça é de nervosismo e ansiedade, com medo de falhar perante o público e de não conseguir mostrar o meu trabalho. 

FT – Em 2015, na Praça de Toiros da Ilha Graciosa, o Tiago sofreu uma aparatosa colhida e queda. Alguma vez este ou outro acidente o fez pensar em deixar a tauromaquia?

TP - Nunca pensei deixar a tauromaquia por ter tido algum acidente, até porque já tive alguns. São coisas que acontecem e que nunca estamos a prevê-las.

FT – Qual o significado da tauromaquia na sua vida?

TP - A tauromaquia já faz parte da minha vida desde que nasci, foi-me incutida pelo meu avô, bem como pelo meu pai. Cresci rodeado de cavalos e de touros, por isso não imagino a minha vida sem a tauromaquia.

FT – O que é para si um(a) bom (boa) toureiro(a)? Tem algum(a) que lhe sirva de inspiração e com o qual gostasse de partilhar cartel?

TP - Na minha modesta opinião um(a) bom(a) toureiro(a) é aquele que arrisca a sua própria vida em frente a um touro, portanto são todos referências. Consigo aprender vendo-os tourear, um bocadinho de todos. Gostava de um dia fazer um mano a mano com o meu irmão, na Monumental de Angra do Heroísmo.

FT – O que pensa das corridas a pé e mistas?

TP - São corridas importantes para os matadouros ou novilheiros que sonham ser figuras.

FT – Que tipo de toiros gosta que lhe saiam em sorte?

TP - Gosto de um touro bravo, de investida franca e que venha por direito.

FT - Alguma ganadaria especial? O que pensa das ganadarias portuguesas?

TP - Não tenho nenhuma ganadaria de preferência, penso que as ganadarias portuguesas têm muita qualidade, bravura e trapio.

FT – Como encara o aparecimento de novos valores tauromáquicos e o que, na sua opinião, poderia ser feito para lhes dar maior visibilidade?

TP - É muito bom que vá aparecendo novos valores tauromáquicos, de forma que a tauromaquia em Portugal tenha continuidade. Para terem mais visibilidade, devem ter mais oportunidade para progredir na carreira e o seu trabalho conhecido.

FT – No ano 2019, pudemos ver a sua atuação por duas vezes no Continente. A primeira no dia 11 de Julho, na Praça de Toiros do Campo Pequeno numa corrida de Homenagem à Região Autónoma dos Açores e a segunda em Elvas, a 21 de Setembro, na encerrona do cavaleiro Marcos Bastinhas. O que pensa do tipo de homenagem referido?

TP - Em relação à homenagem à Região Autónoma dos Açores, na minha opinião foi uma grande homenagem à afición açoriana, em que levou imensos açorianos à Praça do Campo Pequeno e em que eu fui confirmar a minha alternativa, algo que ambicionava há muito tempo.

Em relação à Corrida de Elvas, foi uma corrida de um misto emoções, por um lado por ser uma corrida de homenagem a um grande homem e amigo, o meu padrinho de alternativa Joaquim Bastinhas e por outro, estar ao lado do meu grande amigo Marcos, apoiando-o e toureando um touro com ele na sua encerrona. 

FT – Pode falar-nos um pouco da relação existente entre o Tiago e a Casa Bastinhas?

TP - A relação resume-se em várias palavras: Amizade, Respeito e Admiração.

FT – Qual o seu sentimento face à presença na referida encerrona?

TP - Foi um misto de emoções, pois estava perante uma casa cheia para homenagear um grande amigo Joaquim Bastinhas, junto da sua família. Foi uma corrida especial, em que vi o meu amigo Marcos tourear 7 touros.

FT – Qual o balanço da temporada 2019 e que objetivos tinha para a temporada 2020 que terão ficado suspensos devido à pandemia que assolou o Mundo, causada pelo COVID-19?

TP - O balanço da temporada 2019 foi muito positivo, pois um dos meus maiores objetivos foi conseguido, confirmar a minha alternativa na Praça do Campo Pequeno. Os objetivos para a temporada 2020 seria tourear mais corridas do que aquilo que toureei em 2019, quer nos açores, como em Portugal Continental. 

FT – Até que ponto a referida pandemia afetou a sua vida e a dos restantes habitantes da ilha, com a falta de realização das touradas á corda, de eventos como as festas Sanjoaninas e as festas da Praia?  

TP - A pandemia foi prejudicial para todos nós, afetou a economia da ilha, pois não foram realizadas as festividades maiores da ilha, nem touradas à corda. Em relação à minha vida, a pandemia fez com que não toureasse as corridas que tinha como objetivo, mas não fez com que parasse de preparar os cavalos.

FT – Também as corridas de toiros foram escassas. Qual o balanço dessas corridas e de que forma as normas impostas pela Direção Geral de Saúde as influenciaram?

TP - O balanço foi positivo, apesar das normas impostas pela DGS. A praça não esteve cheia, devido às restrições, mas essas normas foram importantes para que as pessoas se sentissem seguras e assim conseguiu-se realizar as duas corridas com sucesso.

FT – Na esperança de que o ano 2021 deixe a pandemia para trás, já é possível ter noção de quantas corridas irá fazer e se algumas serão fora de Portugal?

Qual a sua quadra para a esta temporada? 

TP - Não tenho ideia nem perspetiva para a temporada 2021. Se houver corridas este ano, a quadra será a mesma do ano passado, podendo ter uma ou duas estreias de cavalos novos, isso se houver corrida.

FT – Entende que os apoios à festa brava são suficientes ou são necessários mais e de que género? O que pensa poder ser melhorado na Festa de Toiros em Portugal?

TP - O melhor apoio para a tauromaquia são os aficionados comparecerem nas praças do nosso país e mostrarem a sua afición.

FT – Qual o papel desempenhado pelo Tiago no Projeto “Quinta do Malhinha”, como surgiu este projeto e qual o balanço efetuado até à presente data?

TP - O meu papel no projeto é colaborar em tudo o que é necessário, pois é um projeto familiar. O projeto surgiu através dos meus pais que foram sempre os impulsionadores da construção da Quinta do Malhinha. O balanço até à presente data é muito positivo.

FT – Fazendo um balanço da sua carreira, indique-nos a sua praça de sonho.

TP - A minha praça de sonho é o Campo Pequeno, onde já tive o privilégio de concretizar esse sonho no ano 2019.

FT – Quem é o Tiago Pamplona?

TP - O Tiago Pamplona é um cavaleiro que gosta, sempre, de apresentar cavalos novos, dando a conhecer ao povo aficionado o trabalho árduo do inverno. É uma pessoa responsável e perfecionista.

NUMA PALAVRA:

Um cavaleiro(a)?

João Carlos Pamplona

Uma ganadaria?

Brito Paes

Um forcado?

João Pedro Ávila

Um toureiro?

El Juli

Um bandarilheiro?

Rogério Silva

Uma praça?

Praça de Touros da Ilha Terceira

Um cavalo?

Malhinha

Um colega?

Marcos Bastinhas

A sua melhor lide?

Não Sei

Um jogador?

Cristiano Ronaldo

Um filme?

Fast and Furious

Um destino de férias?

México

Um país?

Portugal

Uma cidade?

Angra do Heroísmo

Praia ou campo?

Praia

Comida favorita?

Bacalhau Cozido

Um clube?

Sport Lisboa e Benfica

Um sonho?

Regressar ao Campo Pequeno

FT – Uma palavra/sugestão para o Forcadilhas e Toiros.

TP - Obrigada pela divulgação da Festa Brava Açoriana e continuem o bom trabalho.

Texto e fotos: CÉLIA DOROANA / ANTÓNIO VALINHO / ARMANDO ALVES