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À CONVERSA COM.... O CAVALEIRO TERCEIRENSE JOÃO PAMPLONA
À CONVERSA COM.... O CAVALEIRO TERCEIRENSE JOÃO PAMPLONA
14 de Junho de 2021

O mais Jovem cavaleiro insular

A caminho de mais um desafio na tradicional feira de S. João, estivemos à conversa com.... João Pamplona, cavaleiro terceirense

Nome: João Sousa Pamplona Reis

Idade: 29 Anos

Natural de: Posto Santo

Nacionalidade: Portuguesa

FT – Cavaleiro praticante ou profissional?

JP - Sou Cavaleiro Profissional.

FT –O facto de seu irmão também ser cavaleiro e o seu pai o ter sido, influenciou-o no gosto pela arte de tourear?

JP - Influenciou, claro. Nasci numa família muito ligada aos touros e aos cavalos. Sempre acompanhei tanto o meu Pai como o meu irmão e isso fez de mim aficionado e Cavaleiro Profissional.

FT – Qual a reação dos seus pais quando decidiu ser cavaleiro, uma vez que o seu irmão também já o era? Foi mais fácil ou pelo contrário, tornou-se mais complicado?

JP - Penso que se tornou mais fácil. Sempre tive todo o apoio dos meus Pais, que me apoiaram nesta decisão a 100 por cento.

FT- O que passou no seu pensamento quando vestiu a casaca pela primeira vez?

JP - Pensei em muita coisa. Pensei sobretudo na responsabilidade de vestir aquela casaca e na realização do sonho de ser Toureiro.

FT – Recorda algum episódio curioso que tenha ocorrido nesse dia?

JP - Recordo-me que as botas que encomendei para usar nesse dia não chegaram a tempo. Acabei por usar umas botas que o Sr. Joaquim Bastinhas me trouxe propositadamente para esse dia.

FT – Onde e quando obteve a alternativa e quem o apadrinhou?

JP - Na Monumental Praça de Toiros de Angra do Heroísmo, a 22 de Junho de 2013. Fui apadrinhado pelo meu irmão.

FT – Recorda-se do cartel completo?

JP - Era um Concurso de Ganaderias e o cartel era composto por João Salgueiro, Tiago Pamplona e João Pamplona. Pegavam os Forcados Amadores da TTT e os Forcados do RG.

FT – O que sente quando entra em praça? Tem alguma superstição ou utiliza algum amuleto?

JP - Quando entro em praça sinto sempre algum nervosismo, um grande sentido de responsabilidade e ambição por triunfar. Tenho poucas superstições mas tenho sempre o cuidado de não colocar o tricórnio em cima da cama e entro sempre com o pé direito em praça.

FT – Quem o tem acompanhado no trabalho que tem vindo a realizar?

JP - A minha família, os meus amigos e a minha equipa.

FT – Tem apoderado? Que pensamento ou ideias lhe são transmitidas pelo seu apoderado? Estimula-o a realizar corridas em Portugal Continental ou até fora do país?

JP - Sim, António Ponte. Transmite-me garra e confiança, sendo também uma pessoa muito importante na minha carreira. Debatemo -nos muitas vezes com a realização de corridas  em Portugal Continental mas, a logística exigida é grande e economicamente é pouco rentável.

FT – Entende como útil o papel do apoderado?

JP - Sim, é uma pessoa muito importante na gestão da minha carreira.

FT – Existe algum tipo de condicionalismo na carreira tauromáquica, aqui na Ilha Terceira?

JP - Sim, o número de corridas é reduzido e, por isso, toureio sempre menos do que gostaria.

FT – Quais as maiores diferenças ou dificuldades que sente existirem ou não entre cavaleiros insulares e continentais?

JP - Penso que a maior diferença está na quantidade de corridas que os cavaleiros continentais realizam comparativamente com as que nós realizamos.

FT – Descreva-nos um pouco o seu percurso, de modo a darmos a conhecer o cavaleiro João Pamplona.

JP - A minha primeira apresentação em público foi aos 8anos na Monumental Praça de Toiros de Angra do Heroísmo numa garraiada de Carnaval. Aos 16anos tirei a minha prova de praticante em Sousel. Em 2013, com 21anos, tirei a alternativa.

FT – Do seu ponto de vista que diferenças existem entre o seu toureio e o toureio do seu irmão Tiago?

JP - Somos dois toureiros muito diferentes. O toureio do meu irmão é clássico, destacando-se a forma como entra reto pelos toiros. O meu toureio é de emoção e de algum improviso, no qual gosto de chegar ao público.

FT – Pela primeira vez no mês de Abril de 2019 associado ao já habitual Ciclo de Tentas Comentadas realizou-se o Arraial Taurino composto de diversas atividades tauromáquicas, gastronómicas e de animação. Qual a sua opinião sobre esta iniciativa?

JP - Foi um evento muito importante para a tauromaquia pela união sentida por todos os seus intervenientes durante a sua realização. Houve uma grande adesão por parte dos aficionados e não só. A festa brava saiu a ganhar.

FT – O João fez parte do cartel da corrida de 30 Junho da Feira Taurina de São João, integrada nas festas Sanjoaninas 2019. Que balanço faz dessa sua participação?

JP - O balanço foi bastante positivo. Tive duas boas atuações, destacando a segunda lide em que me senti a gosto.

FT – Tem algum(a) toureiro(a) que lhe sirva de inspiração, algum ídolo?

JP - Sim, tenho vários. O primeiro é, sem dúvida, o meu Pai. Joaquim Bastinhas é também uma grande referência para mim. Também me inspira o toureio de João Moura e Diego Ventura.

FT – Na corrida das Festas da Praia de 2019 o João partilhou cartel com um dos mais conceituados cavaleiros continentais, António Ribeiro Telles. Este facto teve algum significado especial para si?

JP - Sim, teve muito significado. É sempre uma honra poder compartilhar cartel com uma das maiores figuras de toureio a nível mundial.

FT – Por altura dessa corrida realizou-se também uma iniciativa incluída no Plano de Sustentabilidade Ambiental das Festas da Praia que se caracterizou pela plantação de árvores efetuada pelos intervenientes da corrida. O que nos pode contar sobre essa iniciativa?

JP - Foi uma iniciativa muito positiva, demonstrando que a tauromaquia está sempre pronta a ajudar.

FT – Outra feira onde temos tido a oportunidade de ter a presença dos irmãos Pamplona é a Feira Taurina da Graciosa. Em 2015, o João sofreu uma colhida com alguma gravidade. Em algum momento colocou em causa a sua continuação como cavaleiro tauromáquico?

JP - Nunca.

FT – Nessa feira, o facto de nos dois dias de corridas o cartel ser igual, mostra algum desinteresse por parte dos aficionados e público em geral ou pelo contrário conseguem “boas casas” e sentem maior carinho e acolhimento?

JP - Penso que não porque a Graciosa é uma terra de aficionados e as duas corridas têm tido sempre boas casas.

FT – Destacou-se alguma ganadaria da qual gostasse mais do toiro que lhe coube em sorte?

JP - São várias as ganaderias com as quais já toureei bons toiros.

FT – Que tipo de toiros gosta que lhe saiam em sorte?

JP - Gosto de um toiro bravo, que transmita e que proporcione o triunfo.

FT – Qual o seu sentimento quando partilha cartel com o seu irmão Tiago?

JP - O sentimento é sempre de responsabilidade e o nervosismo é a dobrar porque espero sempre que ele também triunfe.

FT – Apesar do ano atípico que vivemos face ao COVID-19, em que muitas das atividades previstas na Ilha Terceira foram canceladas, o João marcou presença nos poucos eventos realizados. Que balanço faz dessas presenças?

JP - Dadas as atuais circunstâncias e dada a incerteza face à realização desses eventos, os poucos eventos que se realizaram foram bastante positivos.

FT – As normas impostas pela Direção Geral de Saúde influenciaram de alguma forma a exibição do João?

JP - Não influenciaram porque o sentimento de tourear para uma praça cheia ou para meia praça é sempre de grande vontade e disponibilidade.

FT – Quais as maiores dificuldades sentidas neste tempo de pandemia, não só como cavaleiro tauromáquico, mas também como um dos proprietários da Quinta do Malhinha, que para além de uma escola de equitação é também um alojamento local e lugar de animação turística para passeios a cavalo e festas camperas?

JP - As dificuldades são grandes porque as áreas da tauromaquia e do turismo têm sido bastante afetadas.

FT - Qual o papel desempenhado pelo João na Quinta do Malhinha?

JP - O meu dia a dia na Quinta do Malhinha é tratar do gado de engorda, montar e tudo o resto que possa ser necessário.

FT – De que forma publicitam as atividades oferecidas e como podem os nossos leitores ter acesso às mesmas?

JP - Utilizamos as redes sociais para divulgar as nossas atividades.

FT – Quais os seus projetos e objetivos para o ano 2021, não obstante as atuais incertezas existentes?

JP - Os meus objetivos para 2021 são realizar algumas corridas e pôr cavalos novos a tourear.

FT – Qual será a sua quadra para a próxima temporada? 

JP - A quadra mantém-se a mesma mas tenho um cavalo novo para estrear, o Martini que possivelmente sairá como cavalo de saída.

FT – Qual o significado da tauromaquia na sua vida, que visão tem sobre a tauromaquia em Portugal e o que pode ser feito ou realizado para a melhorar? 

JP - A tauromaquia tem um significado enorme para mim porque sou toureiro e também um grande aficionado. A tauromaquia em Portugal evoluiu bastante, existem grandes toureiros, grandes grupos de Forcados e grandes ganaderias. Penso que para melhorar a visão da Tauromaquia em Portugal é importante que o aficionado demonstre a sua aficion.

FT – Que papel sugere que tenham os governantes perante a tradição tauromáquica em Portugal?

JP - Sugiro que procurem conhecer mais sobre a festa dos toiros.

FT – Entende que os apoios à festa brava são suficientes? Se não, o que deveria ser feito?

JP - Penso que os apoios são insuficientes e que este é um sector bastante prejudicado. Deveriam existir apoios para todos os intervenientes da tauromaquia.

FT – Qual o seu sentimento em relação aos forcados? São eles parte importante numa corrida?

JP - Tenho um enorme respeito e uma grande admiração.

FT – Como encara o aparecimento de novos valores tauromáquicos?

JP - Penso que é muito importante porque são garantias para o futuro.

FT – Indique-nos uma praça onde sonhe atuar.

JP - Campo Pequeno.

FT – Quem é o João Pamplona e como descreve o seu dia-a-dia?

JP - É uma pessoa humilde, muito ligado à família, amigo do seu amigo e que está sempre pronto para ajudar.

FT – Que balanço faz da sua carreira?

JP - Faço um balanço positivo, com algumas tardes boas e outras tardes más, sendo sempre muito exigente profissionalmente.    

NUMA PALAVRA:

Um cavaleiro(a)?

João Carlos Pamplona

Uma ganadaria?

Vale de Soraia

Um forcado?

Bernardo Dentinho

Um toureiro?

El Juli

Um bandarilheiro?

Rogério Silva

Uma praça?

Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira

Um cavalo?

Orgulhoso

Um colega?

Vários

A sua melhor lide?

Em 2013 numa corrida organizada pela TTT.

Um jogador?

Cristiano Ronaldo

Um filme?

Sozinho em Casa

Um destino de férias?

Maldivas

Um país?

América

Uma cidade?

Angra do Heroísmo

Paia ou campo?

Campo

Comida favorita?

Sopas do Espírito Santo com Cozido à Portuguesa

Um clube?

Benfica

Um sonho?

ganhar o Euromilhões

FT – Uma palavra/sugestão para o Forcadilhas e Toiros.

JP - Quero agradecer a entrevista e desejar toda a sorte do Mundo

Texto e fotos: CÉLIA DOROANA, ANTÓNIO VALINHO, ARMANDO ALVES