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Á conversa com o cavaleiro DUARTE PINTO |
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Á conversa com o cavaleiro DUARTE PINTO |
29 de Abril de 2015 |
Com início da temporada 2015, no próximo dia 3 de Maio na Praça Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, o Forcadilhas e Toiros esteve à conversa com o cavaleiro Duarte Pinto. |
Nascido a 20 de Setembro de 1983, em Paço de Arcos, Duarte Soares Rebelo Paes Pinto é um cavaleiro jovem, dedicado e trabalhador em plena ascensão.
Filho do cavaleiro tauromáquico Emídio Pinto e neto do campeão do mundo e internacional de hóquei em patins, Emídio Pinto, Duarte faz jus a seu nome e disfruta da coudelaria herdada de seu avô.
Desde já agradecemos a disponibilidade tanto do Duarte como de seu pai, que mais uma vez nos mostrou que quem sabe nunca esquece, cravando alguns ferros de belo efeito no treino a que assistimos.
Aqui fica o “À conversa com Duarte Pinto”…
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FT - Duarte Pinto cavaleiro...
DP - Profissional.
FT - Como nasceu o gosto pela arte de tourear?
DP - Influência enorme, mas completamente natural, do meu pai Emídio Pinto. O gosto por o acompanhar nos treinos diários, em todas as corridas que participava e todas as outras que íamos assistir juntos.
FT - Ainda se recorda do que lhe passou pela cabeça quando vestiu pela primeira vez a casaca?
DP - Responsabilidade, Orgulho, Satisfação.
FT - Recorda algum episódio curioso que tenha ocorrido nesse dia?
DP - Nada de especial.
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FT - Tomou a alternativa na grande praça de Toiros do Campo Pequeno. Em que data e quem o apadrinhou?
DP - 23 de Julho de 2009, o padrinho de alternativa foi o meu pai com as testemunhas de honra de Luís Miguel da Veiga, Frederico Cunha e José João Zoio.
“A minha Alternativa foi, sem dúvida, um dia especial. É difícil explicar, traduzir ou até resumir aquela noite e todos aqueles acontecimentos que envolveram a alternativa, mas... imaginam chegar, nervoso e ansioso, ao pátio dos cavalos e desenrolar os meus cavalos ao lado dos mestres Luís Miguel da Veiga, Frederico Cunha e José João Zoio? Imaginam o que é estar lado a lado pronto para entrar na praça mais importante de Portugal, cheio de orgulho, com estes "senhores"??? Mais ainda... imaginam o que é ter, como padrinho de alternativa, o meu pai, figura ímpar de uma época e um verdadeiro amigo? Imaginam tal privilégio? E para completar, será que imaginam o que foi ter o apoio, a amizade e a sorte de ter as famílias Caetano e Bastinhas associadas a este dia tão especial? Será possível imaginar o que é juntar todos estes ingredientes na mesma corrida de touros? Eu não imaginava... mas foi real, bem real...Uma realidade que jamais esquecerei.”
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FT - Tem algum ritual antes de entrar em praça? E amuleto?
DP - Nada. Não sou supersticioso!
FT - Para além de cavaleiro é licenciado em Engenharia Agronómica. Em que consiste e de que forma coloca em práctica esta licenciatura?
DP - Sou licenciado em Engenharia Agronómica, especialidade de economia agrária, pelo Instituto Superior de Agronomia e trabalho há 7 anos na AgroGes, Sociedade de Estudos e Projectos Agrícolas.
FT - Como concilia o toureio e a actividade profissional, com a vida particular?
DP - Trabalho todas as manhãs na AgroGes e todas as tardes, na quinta a montar na preparação e evolução dos cavalos.
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FT - Em 2014, o Duarte abraçou o clube dos casados. De alguma forma, esse facto alterou a vida do cavaleiro?
DP - Já tinha uma vida conjunta e vivia com a minha mulher, melhorou em muitos aspetos, claro!
FT - Qual o significado do ferro cravado nos seus cavalos? Não se trata das iniciais do nome da casa…
DP - São 2 sticks de Hóquei cruzados, de homenagem ao fundador da coudelaria Herdeiros Emídio Pinto, o meu avô Emídio Pinto, grande hoquista campeão nacional e mundial pelo Clube Desportivo de Paço de Arcos e pela Seleção Nacional Portuguesa!
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FT - O que levou um internacional e campeão mundial de hóquei em patins (seu avô) a fundar uma coudelaria?
DP - O facto de ter um filho, meu pai Emídio Pinto, que tanto gostava de cavalos e que tanto trabalhou para ser um cavaleiro profissional de qualidade com uma carreira que fala por si.
FT - Duarte Pinto, cavaleiro tauromáquico. Porque não Duarte Pinto, hoquista?
DP - Nem andar de patins eu sei... Talvez o facto de não ter tido a oportunidade de conhecer o meu avô, que faleceu um ano antes de eu ter nascido, não me tenha influenciado para seguir naturalmente esse caminho.
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FT - Quantas horas treina por dia?
DP - Todas as tardes, sem excepção, até ao fim do dia.
FT - Sobra-lhe tempo livre? Como o ocupa?
DP - Com a minha mulher em tudo o que gostamos de fazer juntos e com as pessoas com quem mais gosto de estar e conviver. Desde todo o tipo de espectáculos, concertos, ...etc.
FT - Descreva-nos o seu toureio?
DP - Tento que o meu toureio seja sentimento, tento literalmente transmitir aquilo que mais sinto para as minhas actuações e para toda a afición. Transmitir tudo isto para o público e para todos os aficionados é o mais difícil, mas também o mais verdadeiro.
FT - O que é para si um bom(a) toureiro(a)?
DP - Todos, sem excepção, têm enorme valor por arriscarem a vida e tentarem transmitir o seu toureio perante um touro bravo. Depois toda a capacidade de trabalho, intuição, sensibilidade de cada um, experiência, vontade de aprender e muitos outros pormenores fazem a diferença de uns para os outros.
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FT - Tem algum toureiro(a) que lhe sirva de inspiração? Algum ídolo?
DP - Tantos!!! Mesmo! O meu pai, para mim, é uma referência, em muitos e diferentes aspectos! Mas tantos outros que tanto admiro e tanto aprendo com eles permanentemente me influenciam e me fazem evoluir.
FT - Com quem gostava de partilhar cartel? (Com quem gostava de partilhar uma lide?)
DP - Desde que comecei até hoje penso que já partilhei cartel e toureei com praticamente todos os grandes toureiros de diferentes gerações que ainda estão (e estavam naturalmente) no activo e que tive a sorte de apanhar ainda na minha geração. E continuo com a mesma ambição de competir e partilhar carteis com todos eles, pois todos me têm ensinado muito e muito me têm feito evoluir.
FT - Qual o seu sentimento em relação aos forcados?
DP - Respeito, admiração e orgulho por tanto contribuírem para que a nossa festa de touros em Portugal tenha tanta tradição e importância!
FT - Indique-nos uma praça onde sonhe actuar?
DP - Como sabe tenho optado por tourear exclusivamente em Portugal, onde já tive oportunidade de tourear praticamente em todas as praças do país, salvo algumas excepções. Esta opção deveu-se sempre pelas condições que penso que nunca foram nem são ainda satisfatórias para ir tourear em Espanha ou até França. Mas naturalmente que fazer parte das principais feiras espanholas e francesas seria algo muito importante para mim e que me deixaria cheio de satisfação e orgulho. Mas para isso acontecer terá que ser em condições boas e vantajosas em todos os sentidos e não andar por lá a tourear 2 ou 3 anos em "pueblos" sem condições para depois poder tourear uma corrida boa. Com isso não me identifico minimamente. Na minha opinião, não faz qualquer sentido os toureiros andarem a tourear nas principais feiras e praças portuguesas e depois não fazerem o mesmo em Espanha e França!
FT - Descreva-me a sensação de ver um touro sair à arena para ser lidado por si?
DP - Respeito, medo, pressão, mas também enorme satisfação por o poder tourear bem e enaltecer toda a sua bravura e qualidades.
FT - Após os troféus recebidos em 2014, de melhor cavaleiro de alternativa, de cavaleiro revelação e dois de melhor lide, preparado para o início desta nova temporada?
DP - Muito. Trabalho diariamente para isso e o facto de ter sido distinguido com alguns troféus na passada temporada só me incentiva ainda mais. É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido.
FT - Que perspectivas tem para a corrida do próximo dia 3 na emblemática “Palha Blanco”?
DP - Vila Franca é uma praça especial, com aficionados especiais porque percebem de cavalos, de touros, da tauromaquia e são exigentes em todos esses parâmetros. Como tal, e também por muito me identificar com esta praça, não havia melhor maneira de iniciar a temporada 2015 do que em Vila Franca.
FT - Costuma dizer-se que por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Quem está por trás do grande cavaleiro Duarte Pinto?
DP - Duas mulheres fantásticas e indispensáveis na minha vida: a minha mãe e a minha mulher, Marta.
FT - Qual é a sua quadra para 2015? Vamos ter novidades? Se sim, quais serão?
DP - A Quadra Principal de Cavalos para a temporada 2015 é constituída pelos já conhecidos dos aficionados: Visconde, Baltazar, Barão, Vigo e Cesário. E tenho duas novidades para lançar nesta nova temporada! Uma quadra de cavalos de qualidade, que me dá confiança, segurança e ilusão para uma grande época!
Novidades na quadra de cavalos em preparação para a temporada:
Ferro - Ortigão Costa - Luso Hanoveriano Idade: 5 anos - Pelagem: Preta
Ferro - Quinta da Lagoalva – Lusitano Idade: 6 anos - Pelagem: Russa
Ferro - Irmãos Oliveira Martins - Lusitano Cruzado Idade: 4 anos - Pelagem: Castanha
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FT - Que papel tem o apoderado na sua carreira?
DP - Têm um papel importante porque em conjunto definimos objectivos, traçamos metas e opções sempre com o objectivo de tornar o toureiro melhor. O Luís Miguel Pombeiro tem sido um grande profissional aliado a um grande amigo e por isso mesmo é que temos vindo a desenvolver um trabalho conjunto há mais de 7 anos.
FT - Quem são os seus bandarilheiros de confiança?
DP - Marco Sabino e Joel Piedade e, juntos, temos sido uma boa equipa de interajuda permanente e que penso, bons resultados têm dado.
FT - A Sra. Virgínia e o Sr. Silvino Patrocínio tratam da cavalaria desde há muito tempo! Quem são estas figuras simpáticas que o acompanham em todas as corridas?
DP - Fazem parte da minha família, são eles também um casal muito importante na minha vida. Tratam dos cavalos do meu pai há mais de 35 anos com um profissionalismo e uma qualidade altíssima. Pessoas como estas no mundo dos touros e dos cavalos já não vão havendo muitas. Muito do meu sucesso também se deve a eles.
FT - Como encara o aparecimento de novos valores?
DP - Absolutamente fundamental para a renovação, evolução e qualidade da tauromaquia em Portugal. E estamos muito bem servidos neste aspecto, temos excelentes gerações.
FT - Gosta de assistir a corridas de toiros?
DP - Claro que sim. Se é o que mais gosto de fazer e luto todos os dias para que se torne realidade, também assistir a todas as outras corridas em que não participe, me preenche e muito aprendo com isso.
FT - O que sente sentado numa bancada a assistir a uma corrida?
DP - Por um lado satisfação por estar a fazer o que gosto, por outro alguma nervosismo por saber bem o difícil que é para os meus colegas. Já para não falar do muito que aprendo em diferentes aspectos.
FT - O que sente ao entrar numa praça e ver as bancadas “vazias”?
DP - Desilusão, porque ninguém gosta de ver as bancadas vazias. Mas o meu nível de profissionalismo e entrega não muda por as praças estarem cheias ou vazias. Nem o comportamento dos cavalos nem o dos touros fazem essa mesma diferença e as grandes actuações tanto acontecem com as praças vazias como com as praças cheias. O impacto das mesmas é que é diferente.
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FT - O que acha que poderia ser feito para chamar mais gente às praças?
DP - Essencialmente ter a preocupação de se vender um produto de qualidade a todos os aficionados, desde ganadarias de qualidade em que os touros transmitam emoção e perigo e, naturalmente intervenientes de qualidade para que todos juntos se possa criar um espectáculo atractivo.
FT - Que balanço faz da sua carreira até aqui?
DP - Penso que bastante positivo mas não sou eu que o devo dizer. Penso que essencialmente desde a alternativa em 2009 a evolução e crescimento têm sido grandes, com participação nas principais praças e feiras taurinas portuguesas ao longo dos anos. Mas, como em tudo o resto, quero sempre mais e melhor. Quero evoluir cada dia mais e cimentar bem toda a minha posição e todo o meu toureio. Trabalho para isso cada dia.
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FT - O que sente quando olha á sua volta e vê a galeria de prémios que tem?
DP - Por um lado satisfação por o nosso trabalho e evolução serem reconhecidos. Por outro responsabilidade para manter cada vez mais o nível e não defraudar as pessoas que nos distinguem e acreditam em nós.
FT - Destes troféus todos tem algum com especial significado?
DP - Todos são de uma importância e de uma motivação importantíssima.
FT - Que conselhos deixa a jovens que tenham como sonho o toureio?
DP - Por um lado um aviso de que a profissão é muito dura e difícil, com inúmeras dificuldades e contratempos muitas vezes difíceis de superar. Por outro, de incentivo porque só com toda a entrega e dedicação se poderá alcançar um nível bom.
FT - Quem é o Duarte Pinto?
DP - É uma pessoa muito simples que trabalha arduamente dia após dia naquilo que gosta e luta para ser melhor cada dia, em todos os pormenores da vida.
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NUMA PALAVRA:
Um clube? Um jogador? Um filme?
Sporting, sempre Zlatan Ibrahimovic Segredo dos Meus Olhos
Um destino de férias? Um país? Uma cidade?
Nova Zelândia Nova Zelândia Paris
Praia ou campo? Comida favorita? Um sonho?
Um pouco dos 2 Portuguesa Ser feliz (em tudo)
Um defeito? Uma virtude? Um amigo?
Tantos...Teimoso Sou amigo do meu amigo Graças a deus tenho alguns bem especiais
Uma palavra/sugestão para o Forcadilhas e Toiros.
Que continue um trabalho sério e muito profissional como o fez até agora. Têm qualidade e credibilidade na informação que passa aos aficionados e isso é muito importante nos dias que correm. A melhor sorte do mundo!
ENTREVISTA: Célia Doroana
FOTOGRAFIAS: Armando Alves
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