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À CONVERSA COM... GABRIEL PINTO DA ARTELUSA |
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À CONVERSA COM... GABRIEL PINTO DA ARTELUSA |
14 de Fevereiro de 2019 |
Estivemos à conversa com Gabriel Pinto representante do Grupo ArteLusa Recortadores... |
NOME: Gabriel Filipe de Brito Pinto
Data de Nascimento: 27-09-1979
Naturalidade: Almeida – Guarda
Grupo: Atualmente coordena o grupo da Artelusa-Recortadores bem como o circuito nacional de recortadores em Portugal
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Gabriel, desde já um muito obrigado por nos conceder esta entrevista ao Forcadilhas e Toiros, nós vemos esta entrevista como uma forma de explicar melhor aos nossos leitores esta arte que é de enfrentar um toiro em pontas, a corpo limpo, onde muito poucos compreenderão a emoção que é estar ali dentro da arena onde tudo poderá acontecer e onde também a glória e a tragédia está quase de mãos dadas!
FT – O que é um recortador, e o que é necessário para o ser?
GP – Um recortador é um “atleta” amador com faculdades para enfrentar um toiro nas quais se requer valentia, coragem, e faculdades adaptadas ao toureio a corpo limpo, ter algumas aptidões de toureio a capote, ver os terrenos do toiro, apreciar as suas investidas, o saber apreciar em geral um toiro.
FT – Sendo este um espetáculo com origem em Espanha, quando e como chegou a Portugal?
GP – A arte dos recortadores nasceu nas ruas de Espanha nas tradicionais largadas onde se juntavam um grupo de amigos todos eles movidos pela mesma paixão, a de recortar um toiro. Sendo que seguiram com o grupo, batizaram-no de “Arte Valenciana” tendo esse mesmo atualmente quase 25 anos onde ainda hoje alguns dos seus membros se mantem no ativo.Um dia organizou-se um concurso de recortadores em Espanha (Valência) e a partir daí deu-se seguimento a outros concursos. A chegada a Portugal...penso que foi em meados dos anos 2000, também ela com a presença do grupo Arte Valenciana, onde chegaram a atuar na praça de Santarém entre outras... Os recortadores tiveram um grande impacto nas zonas raianas também ela proximidade com a Espanha sendo esta uma arte que teve inicio nas ruas e não propriamente nas arenas, sendo de frisar também que esta arte nesses mesmo anos propagou-se nos países vizinhos tais como a França, México, Venezuela e Perú.
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FT – Quantos grupo de recortadores existem, e desses mesmos quantos portugueses existem?
GP- Não tenho bem a certeza, mas creio que por volta de trinta grupos em Espanha, Portugal, México, Venezuela e Perú, considerando que todos os grupos taurinos de recortadores elaboram espetáculos acrobáticos taurinos (exibições, concursos, animações na vertente de recortadores)
FT – Que modalidades existem nesta atividade, e em que consistem?
GP – Todas as modalidades consistem na base de um recorte perante o toiro! A nível de modalidades, temos...
Recorte puro, câmbios (quiebros), quiebros de joelhos (rodillas), quiebro de perfil, e de (reverso), nos saltos...há do anjo, mortal, inverso ou mortal de costas, salto de varani (ou tiraboson), e o salto clássico o de garrocha/vara.
Temos também os Roscaderos que consiste no “parar” de uma rés um cesto tradicional de Navarra, as Anillas(anilhas) que é colocar uma anilha no piton de um toiro ou vaca e para terminar o emboladores de toiros em fogo, que existe em Espanha, porque em Portugal não é permitido como é sabido.
FT - Que concursos existem desta arte?
GP- Existem os de saltos, quiebros, anilhas, roscaderos, emboladores entre outros sendo estes os mais conhecidos...
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FT – O que os leva a enfrentar um toiro em pontas, frente a frente. Sem qualquer tipo de proteção?
GP– O risco sem duvida! Não há palavras para descrever a sensação de compartir com a arte que desempenhamos!
FT – Qual a impressão que têm do público português relativamente ao restante publico de outros países?
GP – O publico português tem vindo a aumentar pouco a pouco, o publico como tem sido uma novidade, e tem aderido positivamente, sendo uma novidade atrai mais curiosidade sobre esta arte, como este também é um espetáculo que não engloba sangue, atraímos certo publico que não frequenta uma corrida por exemplo, e depois temos aquele que se mantem fiel e aficionado, como vila franca, moita, azambuja... a nível de bilheteira é um espetáculo que tem preços mais atrativos e familiares, tenho esperança que o publico venha a aumentar, e espero que 2019 seja um marco importante para o circuito nacional e que traga mais aficionados ás praças e à tauromaquia em geral. Em nada nos comparamos a uma corrida, o animal é transportado até ao recinto, não lhe é causado qualquer tipo de sofrimento, e no fim volta ao seu habitat natural. Sendo que a emoção e o risco está sempre em ligação com o público e o recortador.
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FT – Qual ganadaria ou curro de toiros do circuito nacional de recortadores 2018 que mais gostaram e/ou que mais puderam disfrutar?
GP – A ganadaria de Álvaro Bento sem duvida em Nave de Haver , sendo que receávamos um pouco mas que a nível geral deram bastante jogo, saíram bem, e em que os recortadores apreciaram bastante, sendo que houve um novilho que sobressaiu, que deu 5 rondas, algo que nunca tinha acontecido em etapas passadas.
FT – Do circuito nacional 2018, qual o melhor toiro da final?
GP – O toiro da final em nave de haver, da ganadaria Álvaro Bento, com uma bonita apresentação, com bastante bravura e que no momento da reunião com o recortador sempre se apresentou como um toiro sério e com nobreza!
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FT – Existe algum tipo de escalão entre vocês?
GP - Sim, existe... os escalões nos recortadores vemos de uma forma idêntica aos toureios/matadores... cada um é como qual, apreciamos as suas capacidades, faculdades, todos os pontos necessários para um recortador, importante é ter os 18 anos, não podendo por exemplo colocar um recortador de 15/16 anos em frente a um toiro, consideramos todos membros de um grupo, mas claro que mantendo sempre noção de cada tipo espetáculo para os diferentes tipos de “atleta”, sendo que o companheirismo, a responsabilidade, maturidade, valores, nunca se podem perder dentro de uma arena e não só. Todos treinam da mesma maneira mas cada animal adequa-se a cada recortador que o irá enfrentar. O importante é ser maior de idade, não o descriminando nesse sentido claro.!
FT - De que forma preparam as vossas exibições?
GP – Treinando, estando bem fisicamente e moralmente, é a base principal de tudo!
FT – Qual a maior gratificação que podem receber pela vossa arte?
GP - Os prémios recebidos materiais, o agradecimento e reconhecimento do publico , os registos jornalísticos, e o apoio de amigos e claro...da família!
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FT – Os toiros para esta arte têm de ter alguma caracteristica especifica?
GP – Não em especial, que tenham uma boa cara, bonitos e compostos, mas procuramos sempre encastes que sejam reconhecidos pela sua apresentação e principalmente pela sua bravura!
FT – Existe alguma comparação/ligação entre o espetáculo de recortadores e uma corrida de toiros?
GP – Sim... embora com algumas diferenças, o toiro que é o elemento principal, os sorteios dos toiros, dos recortadores, avaliação dos toiros e dos artistas, a devida inspeção do recinto, entre muitas outras coisas...
FT – No vosso tipo de espetáculo, sendo este um espetáculo que não causa sofrimento ao animal, sentem o peso das manifestações anti taurinas?
GP – Não! Nós respeitamos o pensar e os gostos de cada um!
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FT – A quando na Corrida RTP Norte, na Póvoa do Varzim foi contestada o facto da mesma terminar com a atuação do recortadores. Qual a vossa opinião sobre a contestação?
GP – A nossa opinião é que achamos que há lugar para todas as vertentes taurinas, nós unidos na tauromaquia é que somos mais fortes e acho que isso é que é o principal porque somos todos taurinos! Juntos somos bem mais fortes!
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FT- O que é necessário para podermos ter mais espetáculos de recortadores nas praças portuguesas ?
GP - Para se poder ter mais espetáculos deste tipo, os empresários ou câmaras municipais tem de ser mais indulgentes, pois por vezes negam-se a ajudar pois porque não veem proveito financeiro, lucrativo, o que não é o caso, exemplo: ajudas dos municípios ou outros, em darem verbas como fazem para as corridas de toiros, é essa a nossa grande dificuldade, pois não o fazem, patrocínios outros seriam os bem vindos nesta arte de tourear a corpo limpo, esperemos que apareçam ajudas, e deixa-mos bem claro que n vamos cair em erros de alugar praças a preços alucinados como nos foi já por varias vezes anunciado por empresários, e aqui é que pode estar o mal da festa, em que ajudarem muitos não querem, mas faturar é o maior interesse dos mesmos, mas enfim, teria muito que contar… Afinal também somos aficionados e só juntos é que poderemos caminhar numa tauromaquia com saúde e respeito para com todos, porque afinal o Rei da festa é o toiro. Todos cometemos erros, e no passado nesta arte alguns cometeram erros graves, para com esta arte. Desde que o circuito nacional de Recortadores apareceu, vários Recortadores pisam praças Espanholas o que antes era quase impossível pois isso também é devido ao trabalho que realizamos e seriedade. Nesta arte, hoje em Espanha o nosso circuito de Recortadores já é conhecido e reconhecido por vários sites taurinos espanhóis como por exemplo, o Mundotoro, em Portugal temos a impressão que os sites taurinos (não todos alguns barram-nos as portas, não divulgam e por vezes há sites que só querem dar informação ou visibilidade se pagarmos financeiramente, chamo a isto vergonhoso mas enfim, teria um livro para escrever) .
Enfim, viva à festa brava, viva os aficionados, viva o rei da festa o Toiro Bravo!
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Um recortador? Alexandre Carolino
Uma cidade/vila? Vila franca
Praia ou campo? Campo
Um jogador? Rui costa (benfica)
Um filme? Ultimo do moicanos
Destino de ferias? Grecia
Comida favorita? Bacalhau assado
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Clube? Fiorentina (Itália)
Livro? (jornais diários)
Sonho? Ver o José Tomas a tourear em Portugal
Cavalos ou toiros? Toiros
Ganadria? Concha y Sierra ou valverde (Espanha)
Pais? Egipto
É a favor da entrada desta arte numa corrida de toiros,
tal como se passou na povoa de varzim? Sim
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Uma palavra ao Forcadilhas e Toiros?
Desde já queremos agradecer ao Forcadilhas por nos poder dar à ocasião e oportunidade de nos deixar expressar certos aspetos que é necessário dar a conhecer esta arte aos aficionados pois é o primeiro site em Portugal a faze-lo, de uma forma voluntária. É gratificante para nós e para os recortadores, esperemos que 2019 possa ainda ser melhor e com mais praças a receber o Circuito Nacional de Recortadores.
Que continuem sempre com este trabalho em prol da tauromaquia seja em ela qual for, é um site que enquadra bem em relação às noticias que divulgam aos aficionados, tem credibilidade, bons registos fotográficos e desejo sorte, que haja ousadia para poderem dar ao aficionado tudo o que ele merece ao mundo do toiros. Que o trabalho efetuado até ao presente continue e que nos continuem a acompanhar como têm feito. O Forcadilhas é um site a ter bem em conta, pois são lineares no que publicam, e é destes sites que precisamos no mundo dos toiros em Portugal, há sites que dão mais importância as figuras de bancada que ao próprio espetáculo dos “ruedos”.
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Entrevista: João Rodrigues Carvalho
Fotografias: Monica Sta. Barbara, João Rodrigues Carvalho
Redação: Célia Doroana, João Rodrigues Carvalho
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